Encontro - do norte para sul olhando o sol

Encontro-te à direita quando olho de frente o nascer da estrela central que me ilumina
Aquela que orbita em torno do centro da faixa brilhante e difusa que circunda o firmamento, onde pertencem praticamente todos os objectos visíveis a olho nu nesta imensa galáxia.
"Meridional ou Austral" outros te chamarão e eu chamo por ti quando me encontro num dos pontos do hemisfério para onde aponta a sombra do sol ao meio dia.
E é daqui que te chamo, é daqui que te procuro e te tenho à mão esquerda, quando me quedo no sítio em que da linha do equador, ao sexto mês,  o da deusa romana, observo de frente o nascer da grande estrela.
No oposto do caminho é onde estou, setentrião, setentrional ou boreal, eis onde me encontro. 
E o que procuro em ti de onde estou, vem-me através de mim onde pertenço.
No teu chão encontro o sol a cama o leito onde me deito
No teu ventre largo e fundo a noite onde adormeço
No teu céu galgo o reflexo da chama e me deleito
Pele do húmus quente e forte no vigor do recomeço

E num sonho te percorro em trajecto de memórias
Onde há vida e fúria e grito puro rio encantamento
Estradas ruas luas tempos rasgos, largos campos de vitórias
Seiva força alma sangue sombra alento chamamento

Ode névoa brilho espanto, brando acorde que me deste
Lira mira norte sul, e estranho encanto, doce manto que me veste