Sinto o clamor da terra vermelha que me chama



Sinto o clamor da terra vermelha que me chama

Escuto o som fruto maduro, corpo candente
cavado nos sulcos da terra do meu peito
plantado firmado no catre dolente, caverna de silencio onde moro
E aguardo o seu florir de rubra tinta, na madrugada que me espera
vestida de véus de sóis e chão ardente, no meu salão fado destino

Sinto já seu o timbre incandescente de futuro
onde escorre vibrante aceso no corpo cama em que me deito
caudal, torrente ardente, chama lama   
lava que reveste o fundo dos degraus em que pernoito
e me veste de acácias púrpura o caminho de regresso

Sinto o clamor da terra vermelha que me chama


licor violeta

Lambo a chama
E saboreio o ardor que se passeia
Nos contornos onde o afago da língua o acalenta
E em gestos intermitentes valseia e adormece

Bebo-lhe o sumo, néctar quente
Acompanho entre volteios o interrupto trauteio
Aconchego os gestos no ondular de cambiantes
Do espectro licor violeta que me seduz e embriaga

Abraço o som com que me visto
E de um trago guardo a chama a luz a força e o sentido
Do meu destino parido em jeito gingado
No dengo, meneio, requebro e compasso,

Fintado laçado e feito para mim