salvo conduto

O filho deixou-me o salvo conduto
de forma transparente feito romance
com uma recomendação do seu conhecimento
e efectiva propriedade
para a transição para sul.
Assim o cumprirei.
Do início, o prenúncio da genialidade
através do bilhete amarrotado de Odonato:
"acabou o tempo de lembrar
choro no dia seguinter
as coisas que devia chorar hoje"

(Sobre os transparentes de Odjaki)

17 de novembro de 2013


Oiço o teu rugido, som profundo

Na marcação de território, onde comunicas qual felino

E na escala a sequência dos intervalos do compasso

Marcas o tom do andamento da luta, fúria, excesso,

 

No vigor das frescas notas da tua partitura

Inscreves a representação impressa com a escala,

O vigor dos verdes maduros anos de uma luta de vida enviesada

Pelos golpes de tormentas de mar alto sem lei  

 

Assim me trais cria minha

Descuidando o caminho direito,

Do desvelo de cuidados do ventre colo coração

Que te orienta a bússola que te estendo, de onde desvias o olhar

 Buscando antes o solto cata vento do caminho certo que é o teu

 

Oiço notas de gemido, com que acarinhas os laços fortes

Com a intensidade que se estende ao grunhido

Com que descerras fileiras, esventras a terra

Onde semeias fé e regas com a chuva de estrelas

Na tua luz de certeza onde confio esperanças

 

Já não tenho braços largos nem colo extenso,

para a terra de um gigante

Dá-me a tua força, ajuda-me a abraçar novos mundos,

Já caminhas ao meu lado

Parabéns meu filho!
 
O que resta da vida se guarda naquela que queremos
No encontro da tida com a que nos resta, nascida bonança.

O que fica da vida se aguarda naquela que cremos
No espaço da tida com a que nos presta assim o sabemos

Tecida de afeto, coragem, regresso, sucesso, esperança
vestida de novo futuro, inventado, esperado, assim (a)guardado

Colhida, do filme sonhado, sentido, mantido, calado,
no sonho esperado, criado, agora vivido
em desejo, turpor (n)a(r)dor permanente

Ao grito da angústia que clama no sopro do fundo do rasgo do peito
esculpido, sustido, na chama, rasgado, investido
responde o desejo do quente veludo do colo do leito

Fiado caminho, rendado, rendido, escolhido,
sossego sussurro, revolto tornado, tornado presente.

C sustenido no compasso da #Idade


Ainda na descoberta, entrego-te a minha cidade
descarnada e nua, onde te quero perdido no teu encontro 
e tento tomar-te e tornar-te minha, tua cidade de mistério 
na mistura de caminhos onde me quedo na inquietude
do desassossego tranquilo da nova nossa cidade
assim te tenho, assim te espero, cidade nossa, 
na nova nossa cidade


missivas do sul

Nesta passagem de testemunho que teimo vincar a cada passada num ritmo dengoso de vida saboreada em longos tragos em provas de muito mel e rasgos amargos que costumo temperar com gargarejos de doces licores tirados de arco íris gigantes que aprendemos desde cedo a puxar do fundo da alma e nos fazem gingar nas voltas, mesmo as trocadas, acertando o passo a cada passo com brilho de purpurinas num olhar brincalhão em esquindivas marotas do alto dos nossos passos nos arranha-céus da imaginação que passeia nos Olimpos perfumados de acácias e atapetados de veludos carmim, trazes-me meu filho, o doce sabor tranquilo de sentido de dever cumprido, com missivas de um olhar desperto, maduro de saber.
Assim te ouço com a voz inesquecível do querido Pinheirinho a sobrepor-se no desalinho das memórias: - O leão mostra a sua raça! E a vê-lo de guarda-chuva pendurado na gola a endireitar-lhe o corpo em contrapeso, no passo trauteante a clamar a vitória dos lagartos e sinto o cheiro do chá feito manjar que nos deliciava nos espaço estreito onde cabíamos dez…



“mando-vos este vídeo uma vista de onde me encontrava, num hotel na ilha! 
Cá de cima vi uma realidade que conheci de muito perto quando visitávamos a tia ali nas barracas na Abóboda! 
o Jocas nao se deve lembrar mas eu lembro-me de passar por ruas estreitas como estas e de brincar com os primos a correr como se fosse uma aventura.. 
lembro-me de ver galinhas... de ver lama... de ver pessoas a lavarem-se na rua.. lembro-me que almoçávamos na casa da tia num espaço que não cabiam mais que 3 pessoas e nós éramos 10..
Patrícia, lembras-te disto? lembro-me de correr por entre paredes estreitas com pequenos riachos de agua por baixo.. 
E lembrei-me disto porque nós não éramos infelizes.. bem pelo contrario.. 
hoje comentavam uns amigos meus: "como é possível? que pobreza... nunca conseguiria viver assim..." 
Nunca nos esquecermos de onde viemos mana... eu pensei cá com os meus botões... eu não me importava de viver ali... 
beijos grandes a todos! "

Assim te ouvi e conservei a memória ... 






9 de setembro - vou seguir o so(u)l

Neste percurso feito com um bálsamo especial vou revelar o que nos ajuda a caminhar e que traduz este estado de alma que se reflecte no brilho do sorriso dos meus olhos. 
Vou dizer dum toque mágico dum destes dias de jornada, que se propagaria por toda a casa da minha alma, vindo do triângulo que me sustenta e que falava assim em nome das três fortes bases para me presentear e parabenizar. O som longo e profundo que enchia o meu peito, tomava conta do corpo e soltava o rio quente e salgado que descia as curvas do meu rosto. Verdadeiramente enternecida, achei quase que já se cumprira o dia da jornada da vida e podia adormecer...
  
"Este 9 de Setembro é diferente.. se não me falha a memória, é a primeira vez que te vejo ao longe.. a primeira que não te dou um beijo de manhã de parabéns ou ao fim do dia quando chegas do trabalho. O jocas não está a pôr a mesa a preceito, nem a patricia a tentar desenrascar-se na cozinha com um cozinhado especial para este teu dia.. mas não fiques triste mãe. Este ano trouxe-me para o teu berço de menina e eu, ainda menino, estou a aprender a caminhar como me ensinaste. "o caminho faz-se caminhando.." dizes-me sempre.. 
olha para o caminho que já percorreste mãe... olha para trás e sorri... 
ouve... porque o avô e a avó te dizem: "parabéns minha filha.. estas a ir bem" 
Eu não podia estar mais orgulhoso de ti...de quem és e do que fizeste por todos.. não apenas eu o jocas a patricia e um neto... mas todos aqueles a quem brindaste com o teu exemplo, com a tua alegria, determinação e até com as tuas fraquezas... até essas todos admiramos em ti.. 
mãe, digo-te todos os anos e este não será diferente... Amo-te com todo o meu coração.. Tem um dia feliz! em breve estaremos juntos. um grande beijo"

não posso adormecer, vou seguir o so(u)l
Obrigada meus filhos


Sinto o clamor da terra vermelha que me chama



Sinto o clamor da terra vermelha que me chama

Escuto o som fruto maduro, corpo candente
cavado nos sulcos da terra do meu peito
plantado firmado no catre dolente, caverna de silencio onde moro
E aguardo o seu florir de rubra tinta, na madrugada que me espera
vestida de véus de sóis e chão ardente, no meu salão fado destino

Sinto já seu o timbre incandescente de futuro
onde escorre vibrante aceso no corpo cama em que me deito
caudal, torrente ardente, chama lama   
lava que reveste o fundo dos degraus em que pernoito
e me veste de acácias púrpura o caminho de regresso

Sinto o clamor da terra vermelha que me chama


licor violeta

Lambo a chama
E saboreio o ardor que se passeia
Nos contornos onde o afago da língua o acalenta
E em gestos intermitentes valseia e adormece

Bebo-lhe o sumo, néctar quente
Acompanho entre volteios o interrupto trauteio
Aconchego os gestos no ondular de cambiantes
Do espectro licor violeta que me seduz e embriaga

Abraço o som com que me visto
E de um trago guardo a chama a luz a força e o sentido
Do meu destino parido em jeito gingado
No dengo, meneio, requebro e compasso,

Fintado laçado e feito para mim

presente sentido



sentido presente,
presente sentido,
num presente (sem) sentido
onde se pres(s)ente o presente
se af(b)asta o sentido
num sentido presente
num presente sentido
de um presente sem sentido
sentindo o presente

bebo-te o fogo

     
      Fogo  beber
   Cor     luz     lume
Intensidade rio líquido 
Calor                    licor
Descoberta         corpo
Alimento               carne
Vida                universo
Atmosfera      ambiente
Vibratos     variações
   Energia     poder
      Sinfonia dia
        fogo meu


Bebo-te o fogo
Líquido intenso na luz da penumbra entreaberta
ambiente, corpo, carne, no calor da descoberta

Bebo-te o fogo
alimento, rio, vida, licor ardente, calor aceso de mistério
mordo os lábios e sinto a chama, a taça rubra
o sabor do vinho lume espesso quente escarlate

bebo-te o fogo na atmosfera de agonia
variações em vibratos do fogo do poder 
e conquisto o universo na sinfonia do prazer de um novo dia

faço-te meu até ser dia
bebo-te o fogo


Parabéns Isaac

Diante dos meus olhos, 
quando ao fundo dos mares para ti mergulho
Animais diversos feitos flores coloridas,
flores de luz em animais deslizantes se passeiam
Entre manchas de sol em ondulante irradiar, 

debaixo da pele de nácar cristalizada em formas assimétricas, 
outras muitas, enroladas em espiral
Conchas vestidas de brilho de festa, 
desfilam em tapetes de ouro com capas nacaradas iredescentes

Em rendilhados cintilantes de finas camadas de cristal
Tecidas de fino calcite e aragonitesangue petrificado
Duro diamante das jazidas dos lagos profundos
se transmutam e se revestem em combinações harmoniosas

Assim as aprendo para ti, quando ao fundo dos mares mergulho


Na bola de cristal do imenso e profundo azul dos oceanos
Que cruzo num enorme continente imaginário 
Em que terra, céu e mar se entrelaçam e convivem
Na casa onde habitam todos os seres da tua colecção de sonhos
E que vagueiam oscilantes diante dos meus olhos
Guardo-te montras inteiras de arco íris
quando ao fundo dos mares para ti mergulho


Assim o invento para ti quando te presenteio neste dia

Assim to dedico 
Parabéns meu neto lindo!

Parabéns querida

Com a felicidade na ponta dos dedos
vestes o corpo com a luz do olhar
tapas os poros incadescentes de brilho de estrelas
invades os campos injustos, com a fúria da noite que te faz avançar
devolves a esperança, acalmas a dor, e teces de linho
a paz que inventaste na luta do amor

parabéns mulher linda!
Muitas felicidades neste TEU dia minha filhotinha.

porto, num momento...num andamento


assim, rendida ao teu encanto me detive,
porto abrigo, num momento… num andamento
pousados no teu corpo embriagados
meus olhos estiveram lá em todos os contornos
passeando-se embevecidos em sorvos de espanto

e em rasgos de espuma de névoa
e longos tragos de olhar se bastou minh'alma

de pronto o coração se te rendeu
preso ao porte, beleza, vestes nobres
tal sedução me enterneceu e desnudou
depois de te ter bebido, um  novo eu me acrescentou

assim fosse capaz de te ter oh invicta,
far-te-ía minha por inteiro

porto abrigo, num momento… num andamento, deixei-me conduzir
na cadencia do compasso da fina luz da névoa dos m(t)eus olhos
depois de te ter vivido, um novo eu se me acrescentou

assim de novo, rendida ao teu encanto

vou apostar no sol


Chove torrencialmente. Tento fechar a janela do quarto que escancaro todos os dias pela manhã, para saudar um novo dia, apesar da tentação de a manter aberta para melhor apreciar as pedrinhas branquinhas que me chamaram com pancadinhas, nos outros vidros da casa, num compasso musical. As sirenes dos carros estacionados já se ouvem cumprindo a sua missão de não intrusão. Sigo a orquestra e do outro lado quedo-me diante da esteira verde que se estende até ao topo da serra. O toldo do vizinho já preparado para acolher a família nos quentes domingos, já esperados, no cumprimento do calendário já entrado e instalado na nova estação florida, está vestido de branco. De novo o silêncio e uma nesga de sol ainda que tímida, teima impor-se, diante do céu de chumbo que a intimida.
Vou apostar no sol.

vou estar contigo

Vou estar contigo
Hoje e todos os dias 
Colorindo o tempo que faço correr devagar para ti
Vou estar contigo 
Hoje e todos os dias
Pincelando de luz e aromas frescos
Os caminhos resgatados na tua fé de novos rumos
Onde me posso de novo encontrar através de ti
Vou estar contigo
Hoje e todos os dias 
Pois sei que posso voar na luz do trilho dos teus olhos

Parabéns meu filho

no 27 de abril elásticos invisíveis que prendem o quintal ao cafezal



Claro que ninguém conseguiu prender a lagrimita que saltava do peito, mais do que dos olhos. Esses,  bebiam sôfregos a beleza do momento onde eras rainha, enquanto escutávamos os cânticos de todo o cerimonial que te comprometia diante de todos os que quiseste juntar para testemunhar o teu ato solene que marcava a tua nova etapa. 
O sol quase se encolhia diante do calor que vocês irradiavam e nos aquecia. 
Toda a beleza envolvente cuidadosamente escolhida, abraçava-nos apesar do vento que diante dos deuses dos elementos teimou também assistir e não quis perder o momento. 
Ficamos então presos à belíssima história dos elásticos invisíveis de que o tio fez memória e  também ao que se fez sentir no emocionante sentido fraterno da história que se seguiu e que nos trouxe a partilha de novos laços do teu par, que passaram a ser também memória.
Senti então a firmeza que me falava a história quando abri o portão de onde irradiava já o cheiro da memória. 
No pequeno campo de prata que tinhas emoldurado para cada um, estendia-se um pequeno hectare do cafezal que preservaste e que fizeste questão de passar, falando assim ao coração, mesmo àqueles que ainda não tinham podido fazer parte desta história que tornaste de todos. 
Foi aí que os elásticos invisíveis me falaram que a força que tinham vinha de ti.
Já só restávamos meia dúzia para um brinde que coube numa só mesa, ao vosso brilho feito nosso, quando o mais velho do teu par falou com propriedade, enquanto os olhos meigos da esposa o abraçavam na cumplicidade, que o que mais gostara, foi ver família, mesmo família.
A nós aquecia o coração, de ver passado o testemunho.

aqui

desembainha a espada do fogo da fé
que te enche o corpo e te escorre dos olhos
despe o manto que te veste o palco de glórias
e cobre-me com o teu corpo ainda em febre de vitórias
tenho frio...
quero adormecer

na viagem a memória de um espaço para ti


Hoje um teu dia de todos os dias teus que generosamente fizeste meus. E de novo aquele aperto no peito... falta-me o abraço.O olhar cúmplice. Já tenho o vestido, ias gostar de ver. Deixa lá, eu aguento-me. Aprendi a ter-te assim, contigo, sem ti... Tenho saudades...

queria

queria cobrir-te de rosas
com as pétalas de pele
vestidas do mais belo negro da noite de mim
coladas a ti uma a uma
e ungir-te com o adocicado perfume quente
no ardor da união dos nossos corpos

queria banhar-te a alma
com a ternura do rio caldo e calmo
repleto e prenhe da loucura que me transborda 
e inundar-te assim no calor tranquilo
contido da fúria da ânsia de querer-te

coroar-te enfim com o mais belo sorriso que me pedes

porto igual a si mesmo


Não será demais repetir
que gosto deste teu porto
que faço porto de abrigo
que me apura os sentidos
e renova o paladar

este porto que respira
que liberta do seu corpo 
a harmonia da paleta
bouquet aberto sem decoro
sorvos que se bebem e respiram
se tragam e que persistem
em passo curto ou prolongado,
buscando o aveludado
o equilíbrio, a acidez,
num corpo leve, médio ou pesado,
cedendo à pura altivez
da doçura dum seco ou doce
dum sabor intenso ou fraco,
de um frutado, ou de um floral.

torrente de rio, mar aberto,
profusão de pálidos,
intensos, profundos, 
apagados, brilhantes
orgia tons de tintos, vermelhos, 
rubis, violáceos, roxos, telha... 
brancos, amarelo pálido, 
esverdeado, âmbar, dourado
a sobressair os aromas
a apurar o paladar
a harmonia, fruta intensidade, madeira, maturação.
maturado, velho intenso, 
fruto carne, madeira forte
despido com o olhar
inalado com os sentidos
e apurado paladar

dourado frutado, tons de pêssego, 
damasco, maçã, frutas vermelhas
framboesa ou ameixa, amêndoas...
timbre tons de amadeirado
delicadas notas de baunilha, 
carvalho, defumado...
caramelizado em toques de mel, 
manteiga, caramelo, delírios florais

deste porto sentido
deste porto consentido
deste porto com gente dentro
igual a si mesmo
com cores roubadas ao quadro
puxadas detrás do véu da névoa
mistério que se adivinha
e serve de manto macio que me alonga os dias 
desperta os meus sentidos
e me prolonga o prazer

sim, gosto,
deste teu porto
igual a si mesmo
igual a ti mesmo

Cuidarei, na Contagem dos Dias


Com o desvelo de Frigga
Cuidarei de cada fio do teu cabelo
Assim o escutes no olhar,
Quando liso mar se transformar.

Casa farta, afago quente, sombra meiga
Cuidarei, na Contagem dos Dias

Com a beleza de Freya
Cuidarei do corpo retrato, de vida preenchida
Composto, retocado, trabalhado, em filtros coloridos
No tempo, parado, arrastado,
jogo de câmara em segredo conquistada
Assim o tome no decisivo momento, instante perfeito
matéria expressão colhida
sábia abertura, no septo de vida, luz da alma,
Cuidarei, na contagem dos dias