aqui onde o calor não dorme, vive a arte da espiritualidade




Aqui onde o calor não dorme
Deslizam figuras de luz a preto e branco
Vestidas com a solenidade e beleza de alma pura
Assim as vejo, assim as aprendo e apreendo
Identidade escolha e razão

No passo lento e forte que acompanho
Da beleza e porte que a todos confere por igual
procuro escutar os corações nos belos olhos de mistério que desfilam
na névoa de poeira de ouro vivo que os ilumina

Dos géneros, a brancura alva do porte se revestem
Os que habitam a kaba negra que sem pejo exibe a negrura da pureza
Casa segura coberta das mais caras jóias  invisíveis aos olhos
Inteira da sua liberdade aprendida na fé dos seus ancestrais

Aqui onde o calor não dorme
E o ouro negro granjeou a tela de todos os sonhos
Numa paleta onde o negro e branco se destaca
Da harmonia onde o velho o novo se cruzam  e entrecruzam 
em malha feita
de mestria no padrão geométrico da arte mais elaborada nascida da raiz.

Aqui onde o calor não dorme
Aprendo o padrão infinito que se estende para além do mundo visível e material,
Génese e alma do feito que parte do simples perfeito ao complexo em constantes repetições
regra, preceito, definição,
Pedra de toque do infinito, natureza abrangente da criação.

Aqui onde o calor não dorme
descubro paz honra orgulho e nobre aspecto
silêncios de grito de ser e de respeito
A arte da espiritualidade