aqui onde o calor não dorme, vive a arte da espiritualidade




Aqui onde o calor não dorme
Deslizam figuras de luz a preto e branco
Vestidas com a solenidade e beleza de alma pura
Assim as vejo, assim as aprendo e apreendo
Identidade escolha e razão

No passo lento e forte que acompanho
Da beleza e porte que a todos confere por igual
procuro escutar os corações nos belos olhos de mistério que desfilam
na névoa de poeira de ouro vivo que os ilumina

Dos géneros, a brancura alva do porte se revestem
Os que habitam a kaba negra que sem pejo exibe a negrura da pureza
Casa segura coberta das mais caras jóias  invisíveis aos olhos
Inteira da sua liberdade aprendida na fé dos seus ancestrais

Aqui onde o calor não dorme
E o ouro negro granjeou a tela de todos os sonhos
Numa paleta onde o negro e branco se destaca
Da harmonia onde o velho o novo se cruzam  e entrecruzam 
em malha feita
de mestria no padrão geométrico da arte mais elaborada nascida da raiz.

Aqui onde o calor não dorme
Aprendo o padrão infinito que se estende para além do mundo visível e material,
Génese e alma do feito que parte do simples perfeito ao complexo em constantes repetições
regra, preceito, definição,
Pedra de toque do infinito, natureza abrangente da criação.

Aqui onde o calor não dorme
descubro paz honra orgulho e nobre aspecto
silêncios de grito de ser e de respeito
A arte da espiritualidade

Diz-me, Amor, como Te Sou Querida


Dize-me, amor, como te sou querida,
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.

Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito,
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida!

Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem ternura,
Agonia sem fé dum moribundo,

Grito o teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha!

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas


Parabéns Isaac

De nome a força de Abraão
a décima geração que Noé gerou
Primeiro entre os filhos de seu pai
A quem em nome da fé honrou
E dele Deus uma grande nação criou

Em ti ele deixou o destino da criação
de dois ramos que povoaram a terra
e guarda assim para todo o sempre em verdade
se canta conta e escreve a história do teu nome
no grande livro da humanidade
assim farás do amor o teu destino, a tua guerra

Isaac neste teu dia relembro sempre 
A acalmia da ternura que preenche e me renova cada dia
Bonança de largos dias de afetos repleto
Porque és e serás sempre
o brilho dos meus olhos

E assim te canto

porque te agarras à minha mão,
abraças o meu pescoço
com palmo e meio de braços
e agarras o mundo de cima protegido
pelas águas calmas da bacia do meu colo,
me faço fonte, terra, abrigo, fogo e sombra.
por ti meu pequenino me agiganto cada dia,
descubro as tuas descobertas
me encanto com os teus encantos
fantasio as tuas fantasias
e até me apanho a cantar sozinha,
a dançar ao compasso dum semba de memória
que viaja a toda a hora comigo
me faz rir à toa
e me pinta aquele brilho nos olhos

Parabéns meu neto!!!