no mapa do teu corpo

no mapa do teu corpo procuro o olimpo
num espaço apagado de tempos de dor
e de olhos fechados invento o amor

recorto enseadas, baías, regatos e moldo a paisagem
planto caminhos, ergo cascatas, desenho a viagem
e resgato qual Héstia, meu fogo sagrado em águas profundas,
invento-me Réia e me ensino o caminho de terras fecundas.

no mapa do desejo, escuto Eros e me aprendo de novo
na terra quente experimento, guardo, aprendo e renovo
e me vejo inteira e abro meus olhos,
recolho minh'alma de debaixo de escolhos

traço a traço
lego a Ares os meus passos calcados
colados às marcas de passos passados
onde rainha dum paço 
em que posso sem medo dizer
vivi soberana num palco a que quis pertencer
sem fados, sem fardos, sem sombras, rasuras,
repleto de luz vinda de mim, escapando clausuras
feita fortuna, feitiço, loucura, vitória, saber
e volto a (a)riscar o caminho de volta
na pele do meu manto de terra que sempre quis ter

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