minha lua

De novo a lua
Que seguro com ambas as mãos
Aconchego ao coração
À terra quente do meu ventre, ávido de ti
A nossa lua, a minha lua
Que te leva, que me leva entre marés

És tu minha lua que ditas as marés
Que influencias as minhas águas
Que teimam acompanhar o teu movimento
Até à dor do atrito no fundo da minha alma
E me tolhe os movimentos e te afasta de mim

Mas eu não vou deixar que mintas
e vou fintar a nova
E vou pegar-te cheia,
pelo teu lado não visível aos outros
Erguer a ponte de amor carregado de desejo
Do cimo do embondeiro
E chegar a ti

Então, vou vestir-me de sonhos rubros de terra quente
Lavar o corpo com o negro forte fundo e doce dos rios
Embalar-me com o murmúrio do xuxualhar do verde
E humedecer os lábios secos na tua face redonda

Eu vou agarrar-te o negro de luz
Minha lua, minha Luanda