a filhota chegou gora mesmo

estava a sonhar. Juro, ainda tenho daqueles sonhos bons de não querer acabar.
Despertou-me um beijo docinho.
A filhota voltou.
Contei-lhe:
acreditas que estava a sonhar que estava na escola? numa aula de artes.
estava extasiada tinha dois mestres tipo o Zink. Lembras-te de eu vos contar que foi o meu grande mentor nos anos setenta ainda na João Crisóstomo em Luanda, na altura em que morreu o Picasso e fizemos um minuto de silêncio, nós nem sabíamos o que significava. Era mesmo sinal de respeito.
Era assim o sonho. Era parecido. Tinham-nos desta vez dado um tema.
Fazer uma representação de nós próprios. Um auto-retrato digamos.
Lembro-me que o colega que ia ao meu lado tinha um esboço em que a figura tinha asas. A professora olhou-me e comentou:
Aposto que até já sabes o que vais fazer.

Na realidade não consegua imaginar-me. Conheço-me como uma leoa era sem dúvida o meu retrato. Mas não sou nada de atacar sem ser atacada... mesmo com fome... tinha as minhas dúvidas e repensei.
Revi-me elegante e forte atenta e dona do meu espaço. Foi assim que a filhota me despertou quando me preparava para fazer o meu esboço.
Afinal eu era uma Palanca Negra.

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