caminho para sul

sente-se o cheiro a tinta fresca
as paredes vestem-se de novo
e a luz entra aos borbotões
numa invasão de euforia contangiante

esqueço-me dos cheiros antigos
e as roupas novas de momentos de festa
desvanecem as imagens de registos do luto
impregnando o ar de novos e quentes odores

não procuro porque temo o encontro de desencontros
se me quedo a pele cola-se à vertigem da solidão
então, fixo o pendulo fiel da justa verdade
e a realidade mostra-se na montra colorida dos dias

então disfruto, abraço o novo e desfaço o velho
emprenho de sons numa luxúria de cor
dispo o corpete e experimento o manto de linho
e deleitada deixo-me abraçar completamente rendida
pela doce sensação do caminho para sul