dia de reis

hoje trocamos as voltas ao calendário
foi mesmo num sem querer
entrei na pastelaria só para comprar o pão fresco do dia
já a noite entrava e tinha abrandado a chuva que todo o dia
marcava os tempos em um compasso frenético.
para uma chuva que quase se estreia em temporada,
veio com a força estrelante num grande espectáculo.
cheirava a doce quente. com cores em desfile.
o sorriso jovem simpático masculino do lado de lá dos sabores
espreitou-nos, e depois do habitual mafrense fatiado,
aquele... e que mais?, guiou-nos os passos do olhar
para três pares enfileirados de autênticas grinaldas douradas
ostentando o brilho de pedrarias enormes encimando-as reluzentes.
se os olhos compraram a mão só teve que trocar a nota já sem significado
pelo par quente acomodado já por baixo do saco pardo.
o mafrense e o rei.
depois veio a festa.
a mãe esquecida das dores dos dias e da abstinência ditada pela doença
pedia mais, e os lábios trémulos deslizaram pelo aveludado do porto alegre
que entretanto se lhe juntou
porto alegre. é este mesmo o nome. porto alegre.
e depois junta-se-lhe um tawny, o do requinte.
pois foi com requinte e sobretudo prazer que hoje lhe trocamos as voltas
e festejamo os reis num dia qualquer de novembro já frio e de chuva.