amanhã, talvez um dia...

de olhos cemicerrados imagino a dança ondulante num espaço inexistente. corpos colados esquecidos do tempo do mundo. vagueamos apenas completamente alheios aos coros de vozes inquisitórias dos costumes. e como se nessa esfera estivessemos completamente imunes aos golpes de luz que nos fazem visíveis e nos obrigam a simular uns passos mais arrojados ou titubeantes. apenas queriamos estar. saborear o toque e inalar o duplo odor deixando-o completamente confuso ao retirar-lhe a identidade. quero continuar. reinventar-me descolada deste mim e num não existir de olhos vigilantes da consciencia. agora quero mesmo continuar a dança...
amanhã, talvez um dia, vejo-me contigo a tocar para nós uma sonata a quatro mãos.