saltar o muro

quero saltar o muro. deixar para trás o quintal que jaz putrefacto de sonhos mal sonhados. saí ilesa envolta numa escuridão de luz. deixei para trás as trevas brancas leitosas de uma cegueira inocente arrastada por esperanças de muitos amanhãs. às apalpadelas te procuro à espera que estejas do lado de lá adiando apenas a partida, na esperança de não ter que voar sozinho. agora que cheguei aqui, fico entre o impulso insano de saltar sem rede e receber uma grinalda de sonhos de bungavílias e a ideia de cristalizar colada ao muro até com ele me confundir na escuridão branca dos silêncios.