De que cor é o silêncio?

Tia, diz a pequenita do escuro brilhante dos seus olhos, bem em cima dos seus seis anos, e com a esperteza de quem já se passeia de Magalhães; - de que cor é o silêncio, tia? Olhei-a, e deixei escapar a resposta que mais se aproximou do que mais perto se encontrava no meu baú de memórias: - silêncio é de ouro, ouro, é ouro respondi. Não tia, retorquiu ela. É verde! Afirmou com tal segurança, que me deixou estupefacta. Verde? interroguei. Sim tia, é que por exemplo, explicava ela, a tulipa é vermelha, mas se virmos bem, também é verde, o caule é verde, mas não fala, está calado, como o verde do campo com as flores coloridas. Então, o silêncio é verde!... Olhei-a com os olhos arregalados, a que me respondeu com um sorriso rasgado e zombeteiro; - Não fui eu que inventei, ouvi contarem esta história de um livro, quando fui no outro dia a uma visita à biblioteca. Respirei de alívio, a miúda era normal.